terça-feira, 14 de julho de 2009

O Gene de Deus: cooperação grupal


Postura Intencional e o Grande Erro da Evolução


“Não há nada mais difícil, e, portanto mais precioso do que ser capaz de decidir" Napoleão Bonaparte


Podemos começar indagando... qual foi o solo psicológico e sociológico no qual a religião criou raízes pela 1° vez.

Poderia ser para confortar-nos, diminuir nossos sofrimentos, acalmar nosso medo da morte, talvez explicar coisas que não conseguimos.

Sim, sem dúvida todos estes são fortes argumentos, e sabemos que eles acontecem.

Sabemos de casos de pessoas “carentes” de amizades ou amores que buscam religiosidade.

Outras quando em fases ruins da vida, diria no fundo do poço, procuram ajuda de algo divino – pois só um milagre resolveria (me desculpem pela piada, rsrs). Ateus que na beira da morte tornam-se fiéis a algo que possa os salvar. E é só procurar nos livros de história para encontrar crenças, por exemplo, na Lua, que era considerada um ser divino, pois refletia sem nenhuma causa compreendida – hoje sabemos que é apenas o reflexo do sol.


COOPERAÇÃO GRUPAL


Mas o argumento que trago à luz desta discussão é a Cooperação Grupal.

A ciência e propriamente dito a biologia, já entende a existência da “seleção grupal” - teoria de que quanto mais unida uma espécie estiver, maior a chance de sobrevivência.

Não é preciso ser nenhum gênio para entendê-la também no senso comum, no entanto a teoria não é concretizada desta forma, pois então não poderia ser científica.

Os nossos Genes lutam para a preservação da espécie, sendo assim acompanhem meu raciocínio:


Os leões são animais que vivem sozinhos a maior parte do tempo de suas vidas, enquanto elefantes vivem em grupos.

- A visão dos nossos Genes em relação à espécie não é de singularidade, mas sim de pluralidade, ou seja, não existe a importância com quem quer que seja cada indivíduo, mas sim, é dado o mesmo valor a todos, visando apenas que continue a existir e reproduzir o seu código genético. Ou seja, se for necessário a morte de alguns para a certa sobrevivência de outros, (a sobrevivência do código genético) isto será feito.

- Desta forma, a chance de animais que vivem sozinhos sobreviverem é muito menor, no entanto os leões são animais no topo da cadeia alimentar, mas e o ser humano, tal como o elefante? No seu passado mais ancestral, podendo apenas utilizar de suas funções de combate primitivo, animal, teria alguma chance com grandes inimigos e predadores sem sabedoria e tecnologia?

É exatamente por isso que a seleção grupal foi extremamente necessária ao ser humano diante da sua evolução em eras passadas – visando a sobrevivência.


POSTURA INTENCIONAL


Outra evidência, necessária a este compreendimento, que possuímos na ciência, graças à Mendel, é a descoberta do código genético e sua função de transmitir toda a herança genética necessária para a prole. É entendido também que as características físicas são influenciadas pelos pais, avós, etc.

- Já a parte orgânica, fisiológica e cerebral, ou seja, uma evolução significativa, esta só é transmitida geneticamente através de milhares de anos de repetições e imitações – e é esta a qual estou interessado em analisar.

Este código transmitido de tempos em tempos, tem uma função muito importante para todos os seres vivos “animados”, e é chamado de Postura Intencional.

A Postura intencional é uma perspectiva útil a ser adotada por um animal em uma situação ou em um ambiente hostil. Já que há ali, muitas coisas que podem querê-lo, e podem existir crenças acerca de onde ele está e para onde está indo. Entre alguns existem sofisticações. Ao se deparar com um rival ameaçador, muitos animais podem tomar a decisão sensível do ponto de vista da informação. Mas há pouca evidência de que eles tenham qualquer percepção do que estão fazendo e por quê.

Alguns estudos indicam que chimpanzés ou um ser humano – sabe que a comida está na caixa, em vez de estar na cesta. Esta é uma intencionalidade de 2° ordem - envolve crenças e desejos.

Também existe a intencionalidade de 3° ordem – não há provas de que ela aconteça em não humanos. Nesta de 3° ordem, é a capacidade do ser de que ele possa querer que você acredite que ele acha que você está se escondendo atrás da arvore da esquerda ou da direita, por exemplo.

Acredito que agora seja o momento apropriado de concluir exatamente qual seria o motivo deste argumente que coloco para o primórdio da religião, já tendo embasamento inicial suficiente, mas peço que os leitores continuem a ler, pois levantamentos fundamentais para compreensão estão por vir ainda:


CONCLUSÃO INICIAL


A religião pode ser um fenômeno natural planejado pela evolução para melhorar a união e cooperação dentro de grupos. A necessidade é observável, havia a possibilidade da aniquilação da espécie, e sendo assim do código genético - esta seria uma informação que os nossos genes não deixariam de transmitir.

Explicarei como se dá esta transmissão. Mas a questão é que mesmo assim talvez não seja mais necessário hoje. Diante disso vamos fazer algumas análises.


COMPORTAMENTO MECÂNICO: OS SUPERNORMAIS


Resumidamente, a postura intencional leva a mente animal a maior sutileza e poder.

No entanto, essa inteligência na postura intencional não significa que os animais propriamente ditos são instruídos a respeito do que estão fazendo.

Exemplo:

-Um pássaro que simula uma asa quebrada. Não possui a complexidade de entender este ardil. Ele precisa entender as condições de sucesso para melhor ajustar o comportamento, se adequar a variações.

Ou seja, não é necessário estar consciente. Alguns chamam de “teoria da mente”. Sempre que um animal trata alguma coisa como um agente, com crenças e desejos. Conhecimento e metas.

Animais enxergam o mundo não somente a partir de movimentos “animados”, mas fazem distinções entre os prováveis movimentos diante dos “animados”. O que não fazem deles seres que entendem do que fazem.

O cientista Niko Tinbergen, estuda e faz experiências com esses estímulos que a postura intencional transmite, e chama os de: supernormais.

O cientista explica que aparece como sensações e estímulos bons, mas que é indiferente a qualquer propósito consciente para aquele que sente e faz (Faz você lembrar de algo semelhante à sua fé, vontade, desejo, gosto ou valor ???). Mas não para o objetivo genético, que não se importa com que o ser esteja consciente (entenda) do propósito, ou até seja capaz de ter consciência – mas sim, apenas que faça.


O CASO DAS GAIVOTAS


Em um de seus experimentos Tinbergen estudou o porquê das gaivotas ingerirem seus alimentos e depois regurgitarem para os filhotes.

Tinbergen analisou o fato de que as gaivotas não faziam isto voluntariamente, mas só regurgitavam diante às bicadas que os pintinhos, instintivamente, davam no bico da gaivota fêmea.

Ele reparou que havia manchas laranja no bico das gaivotas, e ao substituir o bico da gaivota fêmea por papelão com manchas laranja, percebeu que os pintinhos continuavam a bicar instintivamente, compreendendo assim que são as manchas laranja aquilo que faz com que os pintinhos biquem. E também que são as bicadas dos pintinhos que fazem com que a mãe regurgite.

Essa análise deixa claro o funcionamento dos estímulos da postura intencional diante do controle instintivo que ela nos transmite se apoderando assim da nossa vontade.

Percebo que compreensões reais da nossa vida, que ultrapassam a barreiras e realmente nos dão respostas, nascem inevitavelmente do questionamento de nós próprios. E diante disso, talvez tudo aquilo que nos pareça óbvio ou comum demais deveria ser tratado com certo cuidado – com o sentido mais nobre da palavra.

POR QUE NÃO QUESTIONAR O ÓBVIO ?

Perguntas óbvias como a de Newton, “Por que a maça cai para baixo?”, ou de Einstein, Galileu, levaram a mudar o olhar de todos.

Ou ainda algumas que talvez nem tivessem sido perguntadas, ou ao menos tenham sido propostas a encontrar um porquê. Por que os machos não lactam? Por que piscamos os olhos ao mesmo tempo? Por que alguns formatos femininos são mais sensuais que outros? Por que rimos quando acontece algo engraçado? Por que simplesmente deveríamos ter que aceitar tudo aquilo que nos é óbvio, inclusive a nossa vontade? Ainda mais sabendo de tantas possibilidades de não sermos livres?

Nós humanos, realmente pensamos? Somos livres diante de nossas vontades, temos a autonomia de escolher nossos valores? Ou talvez, seguimos a postura intencional, igualmente às gaivotas e não percebemos?

POR QUE O DOCE É BOM ?

Por que pessoas tendem a gostar de coisas doces, ao invés de carniça? E por que carcaça de animal podre atrai tanto os urubus?

Bom...raramente acredito que alguém já tenha experimentado carniça alguma vez na vida, no entanto só de imaginar um banquete com carniça em seus pratos, já chegam a ter o estomago embrulhado. Seu próprio cheiro já afasta-nos, ao contrário do que acontece com coisas doces. Por quê? Começarei a explicar.

As pessoas em geral dizem que gostam de algumas coisas porque elas são doces, mas na verdade é o contrário: seria mais exato dizer que algumas coisas são doces (para nós) por que gostamos delas!

E com o açúcar é praticamente uma “necessidade” sem objetivo aparente, a qualquer um.

Pergunte a alguém o porquê dela ter vontade de comer coisas doces, e simplesmente não terá uma resposta diferente disto: “Por que eu gosto” – afinal chocolate é muito bom.

Instintivamente outra vez encontra-se uma vontade que controla-nos, e acabamos por nem notar-la. Nascemos com um gosto instintivo por doces. Mais uma herança da Postura Intencional.

Buscando a milhares de anos atrás é compreensível este instinto que carregamos hoje no nosso código genético:


O ERRO DA EVOLUÇÃO


O ser humano lutava contra a sobrevivência diariamente, tanto combatendo inimigos e predadores, quanto para conseguir alimentos. Essa grande quantidade de energia que se costumava gastar acarretava o esgotamento de toda a glicose do nosso corpo. E nesta Era não possuíamos um pote de açúcar à nossa frente como estamos acostumados.

Fica claro que essa informação teve de ser considerada pelos nossos genes de total importância para ser transmitida à nossa espécie. No entanto, essa informação é ainda necessária hoje? Existe alguma função?

Realmente não, diria o contrário, esta vontade em alguns casos de pessoas que se beneficiam demais deste prazer por si só, gera prejuízos diante do excesso de consumo de açúcar, criando doenças como a diabetes. Podendo levar até à morte.

Não se tornou um pouco contraditório? A informação que deveria ajudar a sobrevivência da espécie, levando pessoas à morte.

É disto que estou falando. A Postura intencional, além de não ser mais necessária em alguns casos – por ter se tornada ultrapassada diante da evolução cultural -, pode nos prejudicar e nem nos daremos conta disto.

Podemos entrar na área da agricultura e a tecnologia, que evoluem rapidamente e fazem com que certos valores simplesmente tornem-se obsoletos. Essa evolução acontece em um tempo conciliar ao nosso tempo de vida, assim somos capazes de notar.

Mas, muitas vezes, a tradição ainda fala mais alta. Muitas vezes percebemos em pessoas mais idosas, o valor que ainda dão a coisas, rituais e idéias que perderam seu significado e valor diante da tecnologia e novos conhecimentos – instintos obsoletos. Como se as gerações seguintes não possuíssem. E realmente em muitos casos é possível que sejam danosos.


POR QUE ACHAMOS OS BEBÊS UMA GRACINHA?


Por que razão nós achamos bebes uma gracinha? (Se nesta altura do que eu escrevo você estiver percebido que, sim, você é controlado por vontades vazias que até então talvez nem notasse, com certeza irá entender.)

Existem dois tipos de animais após o nascimento: aqueles que precisam de cuidados e proteção, e outros que não precisam.

Nossos genes independem de saber qual o nosso grau evolutivo, e torna-se necessário nos casos de proles que precisam de cuidados e proteção algum instinto natural para que os “pais” façam seu papel.

A prole (filhos ou filhotes) é geneticamente projetada para encontrar o mamilo (no caso de mamíferos) e os pais são geneticamente projetados para cuidar dos filhos.

Todas essas informações são inatas (instintivas). As manchas laranja no bico da gaivota seria a carinha de bebe, com todo o seu jeitinho, aparência, e tudo mais que faz com que o ser humano se derreta e chega até a falar... "cuti, cuti, cuti, que bonitinho!".

Nós os achamos uma gracinha por que a evolução nos projetou para amar coisas que se parecem com eles (talvez este sejo o mistério do valor de beleza social). Tanto que isso acaba acontecendo com agente em relação a outras espécies também. Inclusive a Feição do Mickey Mouse demonstra a ligação entre esta preferência humana. E já se encontra na esfera de evolução genética e cultural que conduzirei agora.


Religião: Fase Biológica, Social, ou Cultural?


Analisaremos esta patologia:

Tudo isso que falei até agora é fato, no entanto não existem somente os genes, mas sim também, os memes (que este blog já se utilizou como tema em uma postagem anterior, para quem quiser se aprofundar).

Os memes são todo conteúdo transmitido culturalmente, não através do nosso organismo, mas sim através da tradição, experiências e educação (quero deixar claro que não vejo nada de nobre na educação no seu sentido simples). De nossos ancestrais para nós.

Os memes possuem, eu diria tanta influência, ou até mais, no que nós somos – porque a cultura é capaz de reverter esse processo de condicionamento genético - mas o que tende a acontecer é o contrário. A cultura acaba por fechar, mais, a percepção do ser diante de si próprio, e assim se junta com o instinto genético da Postura Intencional. É o que vou mostrar e analisar:

O pesquisador e estudioso Daniel Dennett, conta em um dos seus livros um fato que aconteceu com sua filha quando ainda pequena – que se encaixará perfeitamente como exemplo.


O CASO DA FILHA DE DENNETT


Resumidamente, quando a menina tinha apenas cinco anos, tentando imitar o desempenho de uma ginasta, Nadia Comaneci, nas barras horizontais, tropeçou na banqueta do piano e dolorosamente esmagou a ponta de dois dedos.

Dennett buscando uma resposta naquele momento para acalmar a sua filha, aterrorizada, de modo a poder-la conduzir com segurança até a sala de emergência, aproximou sua mão da mãozinha latejante dela e ordenou:

“Olhe Andréia! Vou ensinar-lhe um segredo! Você pode empurrar a sua dor para a minha com a sua mente. Vamos empurre! Empurre!”

Ela empurrou e o alívio foi instantâneo, só levou poucos minutos, mas com outras medicações analgésicas hipnóticas que Dennett realizou pelo caminho, foi o suficiente até que chegassem à sala de emergência.

O que Dennett fez foi explorar os instintos dela. Os nossos genes nos programam para confiar absolutamente e ter como autoridade qualquer um que se encontre na posição de “pai”.

O biólogo Richard Dawkins deixa claro em um de seus livros, que a seleção natural constrói o cérebro com uma tendência a acreditar em seja lá quem quer que seja seus pais e mais velhos da tribo.

Essa confiança, diria “sagrada”, transmitida pelos genes é tão eficaz que tem a capacidade de mudar a percepção de uma pessoa. Como neste caso que o “poder da mente” foi capaz de retirá-la por um tempo – o que não significa que o corpo não necessite mais de um cuidado especial, sim ele precisa, somente a dor foi desviada.

O pesquisador, J.M.C. Clenon, refere-se a fenômenos como o efeito placebo, hipnose.
Clenon afirma que essa percepção diante do “poder da mente” do ser humano já é conhecido pela medicina Oriental por muito tempo. E que a medicina Ocidental, já deveria ter aprendido algo em relação. Nada relacionado a efeitos sobrenaturais, mas sim completamente naturais, envolvendo a mente humana.

O pesquisador diz que rituais de cura realmente funcionam e é natural. Muletas funcionam se você acredita. Funcionam como Alucinógenos, exatamente como um droga, o qual provoca efeitos na glândula Pineal em nosso cérebro.

São todos efeitos psicológicos e que sem duvida ajudam em doenças diversas – e principalmente nas que estão relacionadas aos sentimentos humanos.

Teria acontecido o mesmo com outra criança que não tivesse imprimido no Dennett uma figura de autoridade? E até com que idade funcionaria com tanta eficácia?

É bom lembrar que a filha de Dennett foi adotada quando tinha apenas 3 meses de idade.

Essa via aberta de informações permitida pela evolução genética, sem dúvida foi essencial para uma determinada época, no entanto, com a evolução humana ela perdeu seu sentido. Sua função tornou-se muito perigosa.


A RELIGIOSIDADE DOS GENES E MEMES


Essa ligação entre autoridade que os genes transmitem para tal e o que os memes proporcionam, podem e levam as pessoas a viverem em dimensões cheias de valores absolutos e verdades consideradas sagradas, sem condições até mesmo de serem contestadas.

Essa ligação pode ser usada e abusada por qualquer agente dotado de seus planos ou qualquer memes que se beneficiem.

Assim é eficiente para confiarem em seus pais, independente do que o pai transmita culturalmente.

Um exemplo simples, mas compreensível facilmente, por estarmos olhando de fora, acontece na cultura indígena:

Os índios mais velhos ensinam aos mais novos toda a sua tradição, como por exemplo, a construção de um barco, ou canoa. É transmitido o modo que é feito, mas o porquê do barco ser de tal forma, a explicação da sua engenharia, é apenas ignorado. Foi perdida culturalmente, e talvez hoje, nem seja o mais seguro possível.

Mas o que está sendo questionado é o que a tradição constrói através da condição da Postura Intencional da nossa transmissão genética: a “cópia religiosa”.

A cópia religiosa é quando se é perdido todo o sentido dos questionamentos, diante das vontades, verdades, imposições, liberdade de contradição, compreensão e autonomia de pensamento.

Volto ao argumento principal deste texto, que é a não mais necessidade da Postura Intencional, mas a sua eficiência a todo vapor que continua sendo aplicado diante da nossa consciência e percepção do mundo, proporcionando maiores condições para nossa mente se afundar no abismo do insano.

Não passa de uma ideia que se fixa no cérebro e age pela pessoa. Como tantos já perceberam: Merleau, Husserl, Nietzsche, Freud...


CONCLUSÃO FINAL


A Postura Intencional proporciona poder inato à religião, utilizando-a como reforçador de cooperação. Juntando muitos em uma causa comum. Assim tornando a espécie mais forte, utilizando o princípio científico da seleção grupal, que foi embasado no início do texto.

É... o nosso código genético só importa-se com a sua própria estatística de sobrevivência a qualquer custo. Mas isso pode acabar destruindo a si próprio, entendendo a sua lentidão ao transmitir seus dados geneticamente, enquanto à nossa evolução cultural está cada vez mais veloz.

É profundamente muito atraente para muita gente que não tiver condições culturais para se livrar de valores e verdades sagradas (no seu sentido não necessariamente ligado religiosidade, idéias de divindades e efeitos sobrenaturais, mas também).

É preciso a compreensão da evolução da mente humana, para nos segurar e evitar o pensamento fantasioso, tão sincero e verdadeiro na sua nulidade e total loucura desde sempre implantado no simulacro das pessoas.

Pascal Boyer, pesquisador e estudioso, observa que ao longo das eras, os seres humanos descobriram e exploraram seus próprios estímulos “supernormais”. E sem dúvida vem acontecendo isso com nossa espécie a milhares de anos.

O que acontece nitidamente na cultura do sexo e drogas, - não estou tomando posição diante dos valores comuns -, mas sim, da exploração humana de seus sentidos controlados pelos nossos genes e acompanhados da cultura, com sua ausência de causa e mesmo assim controle da nossa autonomia. E afirmando o possível controle exercido em nós diante de todos os outros valores.

Encontramo-nos em um ponto extremo e ridículo ao mesmo tempo, no qual publicitários e tele evangelistas se aproveitam desta nossa brecha, com o prazer ausente do consumo, sexo, cooperação grupal, entre tantos infinitos outros, que somos nós próprios que escolhemos, mas não por nós e sim por esse parasita que carregamos da nossa evolução genética, acompanhado pela cultura que nos é transmitida – só faz nos fechar, ao invés de abrir horizontes e percepções.


UM ANTROPÓLOGO EM MARTE


Concluo este meu pensamento com o compartilhamento da idéia de Oliver Sacks, um grande neurologista que fala em um de seus livros sobre termos uma visão, tal como teria um antropólogo em marte. Buscando distanciamento do que somos, afastamento da nossa percepção, valores e conhecimento, apenas para tentar enxergar além do que vemos.

Imaginemo-nos tal como um marciano na terra, buscando compreender coisas óbvias e sem propósitos:

Preces, sacrifícios, não trabalhar certos dias, uso de véus, proibições, evitando alimentos, vontades sem propósitos e que inclusive nos prejudicam. Bípedes falantes que constroem tal como células e são controlados por elas.

Finalizando... Peço apenas que não tenham uma crença limitada a respeito do mundo e sim entendam que, se é possível ter alguma verdade em relação ao mundo, é de fato essa própria fé que cada um aplica à sua percepção humana. Lembrando que a confiança a outros é senão acreditar na sua própria escolha, ou seja, em si próprio.

Não podemos confinar na volta à abençoada ignorância do nosso passado animal. Nas palavras de Dennett:

“Estamos fadados a ser espécies de sabedoria”.

Um comentário:

  1. O texto é muito interessante, e instigante.
    Eu acredito em Deus, mas me sinto a vontade em questionar algumas verdades que certos lideres pregam... ao que me parece muitas coisas são viagens e fanatismo... porém eu acredito em Deus... pq eu sinto a presença dEle, pq Ele fala comigo, essa é a minha percepção de mundo.
    concordo que cada um faça conforme acha que é coerente... mas também acho saúdavel ampliar horizontes, ouvir opiniões e agrega-las da melhor maneira possível.

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