quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A LIBERDADE DE FORREST GUMP

“A mamãe dizia que dá para saber muito sobre alguém pelos seus sapatos. Para onde ela vai, onde ela esteve. Eu já usei muitos sapatos.”
 Forrest Gump
 
“A vida é uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar”. Assim é Forrest Gump, o filme  que quebra todas as regras conhecidas da indústria do cinema,  sem nenhuma investigação, nenhuma linha condutora, nenhum herói ou bandido – só o espírito de Gump.

Astro de futebol, capitão de um barco de camarões, herói de guerra, corredor, dono da Apple, campeão mundial de pingue-pongue, contribuidor aos ideais de John Lennon, responsável pela denuncia do caso Watergate, criador da dança peculiar de Elvis, e ainda capaz de mostrar a bunda para Kennedy.

Apesar de parecer idiota aos olhares esteriotipados dos outros, devido, em grande parte, ao seu baixo Q.I que lentifica seu raciocínio, Forrest não faz idiotices.

Uma das peculiaridades do ser humano é a capacidade de dar valor, conceitos e endeusar fenômenos, coisas, eventos, ideias ou pessoas – o que nos relaciona, prende e condiciona a fazer coisas sem sentido por estas. Enquanto as pessoas costumam ter milhares destes condicionamentos, Forrest só acredita em três coisas: sua mãe, Deus, e Jenny.   


Forrest vive apenas com sua mãe, que desde sempre preocupou-se com sua educação. Ela sempre o dizia que ele "não era diferente de ninguém” e explicava tudo de um jeito que ele fosse capaz de entender.

Também dizia pra ele tomar cuidado com as pessoas porque as vezes elas faziam coisas sem nenhum sentido.
E para que ele sempre fosse capaz de se lembrar disso escolheu o seu nome, Forrest Gump, a partir de um soldado que sempre fazia coisas sem sentido algum.  

Por ter as costas “tortas como um ponto de interrogação", Forrest, ainda criança, teve de usar aparelhos nas pernas para consertá-las, o que tornou-se mais um requisito (signo icônico) à sua imagem de idiota, principalmente aos olhares de outras crianças. Julga-se a partir de conceitos imagéticos pré-conceituados socialmente.

Na verdade, a imagem não passa de convenção, ela por sí só, tal como as palavras, não possui essência alguma, é tudo condicionado ao nosso olhar crente.

Ainda no começo do filme, Forrest entra no ônibus da escola, pela primeira vez, e é reprimido por quase todas as crianças do ônibus, menos uma menina, Jenny, que não o crê - vê - como diferente, mas apenas um menino com um raciocínio mais lento.

Jenny foi a primeira pessoa, exceto pela sua mãe, a aceitá-lo – talvez este seja o motivo do amor que Forrest desperta por ela.
 

A história se passa em grande parte através de “flash back”, contado por Forrest enquanto está sentado em um banco esperando seu ônibus chegar apenas com uma maletinha cheia de objetos, antes despercebidos, mas que vão tornando-se simbólicos para nós durante o filme.

Forrest é um ótimo contador de histórias por perceber os eventos de seu passado com um olhar quase puro, capaz de nos transmitir a essência do que aconteceu – talvez melhor do que muitos teriam, mesmo se estivessem no lugar de Forrest. 

Forrest enxerga o mundo com uma pureza perceptiva admirável. Enxergar o mundo com apenas três deuses é quase como vê-lo como ele realmente é.

Pouco tempo após conhecer Jenny, Forrest vê o pai dela a acariciando algumas vezes e comenta: “Ele é um homem muito carinhoso, sempre beijando e tocando ela e as irmãs dela”. Logo ele vai preso.

Em certo ponto, pode parecer para você, leitor, que Forrest seja ingênuo e bobo, mas ele apenas estava olhando sem valor pré-concebido de como se deve acariciar uma criança, sem valor de se determinado comportamento é bom ou ruim, até porque Forrest não presenciou algum tipo de violência, apenas carícias, como ele disse, e seu pensamento não era norteado por nenhuma cultura ditadora de valores morais que lhe fariam julgar o pai além do que pôde ver.

Existem culturas onde é natural mães masturbarem os filhos, quando ainda pequenos, para que relaxem e fiquem mais tranquilos diante a ausência materna - as mães fazem isso para que as crianças parem de chorar, um remédio rápido e fácil para afastar o problema.

Forrest não pertence a cultura alguma, - não é moldado por valores pré-determinados, como de certo e errado, bom e ruim, etc - assim, apenas observou o fato, livre de julgamentos e valores.

Considerar determinado evento ruim é um ponto de vista que se dá a partir de uma moral social - fator de que Forrest está livre.

O filme não deixa claro qual o comportamento sexual do pai em relação à Jenny (se houve violência física ou psicológica, ou ambas). Havendo apenas violência moral, esta só existe a partir de um valor para se machucar. Se não há valor, não haverá dor e, mais tarde, trauma.

Desaprovamos o comportamento existente entre Jenny e seu pai, pela razão de ela ser privada do pleno estímulo à criança de forma cognitiva e construtiva em toda a sua infância e, no caso da violência física, pelo abuso de poder do pai e imposição de um modo de vida desestimulante à Jenny. No entanto, observamos e discordamos, também, de muitos comportamentos, ditos naturais, da cultura em que vivemos - como castigos, obrigações, palmadas, mandar a criança pensar sobre o que fez como castigo, avaliações, punições, etc.

"Não rir, não lamentar, nem amaldiçoar, mas compreender ".

Em determinada época, conduzida por problemas financeiros, a mãe de Forrest aluga alguns quartos da casa onde ela e Forrest viviam, transformando-a em uma pensão para conseguir algum dinheiro.

Pouco tempo depois, ainda na infância de Forrest, aparece um rapaz com um topete, tocando violão, e se hospeda na pensão. Forrest se transforma em amigo do rapaz, este que sempre está a tocar rock´n roll. Forrest costumava remexer seus quadris, ainda com os aparelhos nas pernas, enquanto o músico tocava.

O rapaz se interessou pelo jeito peculiar de Forrest de dançar, e Gump o ensinou. Anos depois, Forrest e sua mãe veem aquele rapaz na tv, tocando seu rock´n roll e dançando do modo que Forrest o havia ensinado. Logo após, aquele rapaz morre.

Forrest cresce e entra na faculdade a convite de um treinador, pela sua enorme capacidade de correr, para jogar futebol americano. Já não usa mais aparelhos nas pernas, que por sinal são muito fortes - desde que se livrou do aparelho nas pernas, que atrapalhavam sua locomoção, ia para os lugares, sempre, correndo.

Na época em que Forrest jogava futebol americano na faculdade, houve uma manifestação no colégio, onde o presidente Wallace pretendia liberar a entrada e matrícula de estudantes negros na instituição. Forrest observou o tumulto, mas não entendeu o que estava acontecendo, então perguntou para um aluno:

Forrest – O que está acontecendo?

Aluno – Macacos querem invadir a escola! 

Forrest – Quando eles aparecem lá em casa, minha mãe os espanta com a vassoura!

Aluno – Estou falando de negros, idiota!

Forrest – Ah, é? Eles querem?!

O fato é que Forrest não enxerga pré-conceitos. Embora seja um idiota aos olhos daquele aluno, na verdade ele enxerga os negros como eles realmente são – pessoas. Já o aluno vê o mundo de um modo não real, falso.

Nesta mesma época, Forrest via pouco Jenny, pois ela estudava em uma escola só para meninas. As vezes ele ia visitá-la. Numa dessas vezes, enquanto conversavam, Jenny falava do seu sonho de querer ser uma cantora e viajar pelo mundo, apenas ela e seu violão. Daí Jenny pergunta a Forrest:

Jenny – “Você sonha com o que você vai ser?”

Forrest – “Eu não vou ser eu?”

Forrest desconstrói a ideia de que você é o trabalho que você realiza.

E Forrest se gradua. Neste momento é interessante frisarmos a importância de observar cada detalhe do filme, já que o diretor do filme, Robert Zemeckis, consegue aplicar várias estéticas semióticas a serem lidas que condizem com o que realmente Forrest pretende transmitir. Quando, por exemplo, na colação de grau, Forrest usa o capelo (chapéu apropriado), com o pêndulo do lado contrário aos demais.  

Em seguida, Forrest é convocado para a Guerra do Viétnã, onde fica amigo de Bubba, um homem fixado em camarão, que aos olhos de Forrest é visto com naturalidade.

No treinamento, o sargento do exército fica espantado com Forrest e suas respostas diante as perguntas da autoridade militar:

Sargento – Soldado, por que você montou tão rápido a arma? (gritando)

Forrest – Porque você mandou, Sargento! (gritando também)

Sargento – Você é um gênio rapaz! (gritando)

A genialidade de Forrest vinha da pureza de seu olhar, percepção – que se adaptou muito bem no treinamento do exército.

Após chegar ao ambiente de guerra, Forrest resolve escrever uma carta para Jenny descrevendo o lugar: “Tirando as caixas de cerveja e o churrasco, era igual aos Estados Unidos”.

Na Guerra, Forrest tem como seu superior o Tenente Dan, que vem de uma família e tradição de heróis de guerra que morreram em combate pelo seu pelotão. No auge da Guerra, acontece o que já era imaginado por Tenente Dan: ele é atingido nas pernas, mas seu pelotão fez um bom trabalho – tudo como planejado. Forrest havia conseguido correr (o mais rápido possível a qualquer perigo, como Jenny o havia pedido) e fugir, mas quando volta para encontrar Bubba, acaba vendo alguns de seus parceiros de pelotão feridos e resolve levá-los para um local seguro, mas ao pegar o Tenente Dan, ele se revolta contra Forrest, dizendo que seu destino já está selado, e ele deve morrer na batalha como um herói de guerra, mas Forrest o ignora e o salva.
Tenente Dan sobrevive, mas fica aleijado, e vem se revoltar contra Forrest: “Eu tinha um destino! Eu era o Tenente Dan!" Forrest diz com uma expressão de desentendido: “Mas você ainda é o Tenente Dan”.

Gump descontrói o valor - signo - no qual o Tenente Dan acreditava. Na mente de Dan, algo o fazia pensar que ele deveria seguir a honra de sua tradição familiar e morrer como um vitorioso herói de guerra. 

Assim, Forrest muda o destino do Tenente Dan, salvando não só a sua vida, mas a liberdade de escolher o que ser – corrompida, antes, por um valor patriarcal. Mais tarde, após algumas crises, Tenente Dan transforma-se em ateu, comprar pernas mecânicas, começa a sentir uma paz e liberdade, como nunca antes, e agradece Forrest.

Após terminar a Guerra, de volta ao EUA, Forrest fala, casualmente, sobre sua experiência para um público de milhares de pacifistas que estão aglomerados em um jardim. Comenta, no banco, enquanto conta a história, como aquelas pessoas (os pacifistas) gostavam da palavra que começa com a letra “F” (fuck). Descontrói o ideal daquelas pessoas, que na verdade, só desejam fazer parte de uma ideologia, embriagando-se em palavras que exprimem catarse - mesmo sem sentido algum.

Neste mesmo evento, Forrest reencontra Jenny. Ela o leva a uma reunião mais seleta, com os líderes e organizadores do evento, e Gump acaba vendo Jenny levar um tapa de seu namorado (ativista político e também pacifísta) no escritório ativista deste local. Forrest vai até o ativista político e o esmurra. Logo todos percebem a briga e se voltam contra Forrest,  que diz: “Desculpe por eu ter brigado na sua festa de Panteras Negras”. E vai embora com Jenny.

Nos olhos puros de Forrest, em sua percepção real, ele percebe a nulidade daquele evento, e a sua real essência – não passava de uma festa, onde se nomeavam e sentiam-se dentro de determinada aparência, num contexto vazio e cheio de valores.

Dias depois, Forrest é condecorado com uma melhada de honra pelo seu heroísmo na guerra do Vietnã. Na cerimonia, ele acaba bebendo muitos refrigerantes, já que eram de graça, e fica morrendo de vontade de ir ao banheiro, bem no momento da cerimonia onde os soldados comprimentariam o presidente Kennedy.

Forrest não estava se importando com o fato de estar perto do presidente, e ao ser comprimentado por Kennedy, e questionado sobre como ele estava, Forrest responde: “Estou com vontade de fazer xixi”. Em seguida, o presidente diz que soube onde Forrest havia levado um tiro e pergunta se poderia ver, obviamente (será?), qualquer um perceberia que era uma brincadeira ou piada, já que seria um ato um tanto quanto homossexual, pervertido e nada normal – e afinal todos estavam sendo filmados ao vivo para todo o país. Bom, Forrest abaixa as calças e mostra o lugar em seu bumbum.

Forrest é ingênuo, ou existem simulacros sociais que nos impõem verdades e valores para nosso modo de pensar, achar e agir, que  não nos deixariam ter feito o que Forrest fez?

Ainda trabalhando para o exército, mas sem ter o que fazer, já que a guerra havia terminado, Forrest é indagado pra sair da frente da tv (que passava os dias assistindo) e fazer algo melhor – recebendo o convite para jogar pingue-pongue de um soldado. Forrest aceita, e a primeira coisa que lhe disseram foi: “A regra é a seguinte, não tire os olhos da bola e a rebata de volta”.

E como já era esperado, Forrest entende muito bem o que lhe dizem, e acabou sendo campeão mundial de pingue-pongue pelo exército.

Após a façanha, Gump foi convidado a participar de um programa de entrevistas pelo seu mérito no pingue-pongue, onde, ocasionalmente, se deparou com John Lennon.

No programa, disse como eram as pessoas lá na China (sede do campeonato), motivo que despertou em John Lennon um de seus pensamentos com maior liberdade, potencializados em sua música titulada “Imagine”.

Logo, Forrest foi dispensado do exército, e como tinha raízes, resolveu voltar para casa, afinal, ele ainda possuía aqueles três deuses. Em casa, sua mãe o avisa que ofereceram 25 mil dólares para que ele diga que usava a raquete de uma empresa nos campeonatos que ganhou. Forrest não entendia muito bem a razão  por que lhe pagariam para fazer isso (e além de tudo ele não havia usado ela), mas sua mãe o convenceu de que era um dinheiro bom e que ele deveria fazer. 

Com o dinheiro, Forrest resolveu cumprir a promessa que havia feito a Bubba, e comprou um barco de pesca de camarões. Como Tenente Dan havia lhe prometido de forma irônica, “Se um dia você for o capitão de um barco, serei seu imediato!”, logo que ficou sabendo da nóticia veio em companhia de Forrest nesta jornada, o que mostra que Dan já não é a mesma pessoa – quebrou muitos valores que lhe possuíam.

Desde o começo, o negócio de Forrest e Tenente Dan ia muito mal. Dan sugere, ironicamente, a Forrest ir à igreja rezar para que os camarões comecem a aparecer, e Forrest vai. Forrest entra até para o coral da igreja, e nada dos camarões aparecerem.

E de repende, sem mais nem menos, acontece uma tempestade majestosa, juntamente com um furacão, onde Tenente Dan diz brigar com Deus, na verdade expressa a sua raiva pela vida e por tudo o que ela tinha feito ele acreditar, e ainda, ter tido as pernas amputadas por isto. Dan diz que ela não o levaria mais nada, nem o barco. No dia seguinte, como resultado do furação e da tempestade, todas as embarcações de pesca daquela região se encontravam destruídas, menos a Jenny (nome que Forrest deu ao barco em homenagem à sua querida). Assim, eles se tornam os únicos a venderem camarão pelas redondezas (e lhes sobram muitos camarões, já que ninguém os pesca mais). O negócio acaba ficando muito bom, expande, e ele enriquecem.

Em um daqueles dias, Forrest recebe uma carta de sua mãe dizendo que se encontra doente, e Forrest sai alucinado para vê-la.

Gump chega a vê-la, mas logo ela morre, e Forrest resolve ficar morando na casa de sua mãe. Já que não precisava de dinheiro, e gostava de cortar gramas, corta a grama de seus vizinhos de graça para passar os dias enquanto pensa em toda sua vida e principalmente na Jenny.

Certo dia, chega uma carta para Forrest do Tenente Dan, dizendo que os negócios iam cada vez melhor, e sendo assim, Dan diz que resolveu comprar uma empresa para que tudo valorizasse ainda mais (a Apple).
No final da carta, Tenente Dan dizia que dinheiro não é mais problema algum! E Forrest pensou: “Que bom, uma coisa a menos (para se preocupar)!”

Forrest no banco, contando essa história para duas pessoas, uma senhora e um homem, faz com que o homem morra de gargalhar, não acreditando que um milionáro deste porte esteja sentado ao seu lado, daquela forma, e em determinadas circunstâncias. Já a senhora, diz que acha bonita a história (mas acredito que ela não tenha entendido muito bem), e Forrest diz que sua mãe sempre dizia que “um homem só precisa de um pouco de dinheiro, o resto é para se mostrar.” Mostrando que essa liberdade que ele possui também foi proporcionada pelos conhecimentos transmitidos pela sua mãe.

Um dia, enquanto Forrest cortava grama de seu próprio quintal, Jenny aparece de volta para Forrest, carregando um expressão de cansada, como se não dormisse a anos. Assim, Forrest e Jenny voltam a ser pão e manteiga. Forrest conta sobre tudo o que passou, e Jenny, simplesmente, só o escuta e vai se tranquilizando em relação a todos os anos que haviam passado (de festas, bebidas, drogas e rebeldia sem sentido).

Num desses dias, eles se deparam com a antiga casa de Jenny, que a faz relembrar de todo o passado que a atormentava, proporcionado pelo relacionamento que tinha com seu pai. Jenny começa a tacar pedras na casa, nas janelas, e desaba no chão a chorar. Forrest pensa que “as vezes não tem pedras suficiente.”

Ou seja, nada conseguiria fazer ela esquecer, destruir ou esconder aquele passado – o problema está no modo como ela o interpreta, não adianta jogar pedras. Forrest pede Jenny em casamento, mas ela não aceita, e na mesma noite eles fazem amor. No dia seguinte, Jenny desaparece. Forrest fica muito confuso, sem entender.

Assim, anos depois, sem motivo algum específico, Forrest resolve correr, apenas correr. Corre até uma extremidade do pais, quando chega resolve ir até a outra, e assim continua.

Fica conhecido e famoso em todo o país, novamente. Algumas pessoas indagavam o motivo de sua corrida, alguns diziam que ele corria pela paz mundial, outros, pelos direitos das mulheres ou pelos desabrigados, e ainda outros, pelo meio ambiente.
Forrest ao contar a história dizia: “Eles não acreditavam que alguém corresse tanto sem motivo. Apenas tive vontade de correr”. E disse: “Por algum motivo aquilo fazia sentido para algumas pessoas, dava esperança às pessoas”. Assim logo arrumou companhia, vários seguidores – o culto a Forrest Gump, tratado como um avatar.

No banco, ao contar a história, Forrest dizia: “Bem, não entendo nada disso”.

Alguns o pediam ajuda. Certa vez, enquanto um homem o pedia ajuda, Forrest olhou para uma pessoa pisando na merda, casualmente, e disse: “Shit Happens”(Merdas Acontecem) - o que gerou uma das frases mais famosas no mundo, e rendeu ao seguidor todo o crédito. O olhar puro de Forrest fez toda a diferença.

De repente, Forrest para, diz que está cansado e vai para casa. Ao contar a história, no banco, Gump diz que afinal percebeu que o que o fazia correr era o passado que precisava ser colocado para trás para que ele pudesse seguir em frente com tranquilidade. Forrest correu três anos e dois meses. Só parava para comer, beber e dormir.

Ao voltar, Forrest encontra uma carta de Jenny o convidando para uma visita, e assim o "flashback" e o presente se encontram, Forrest está em um banco esperando o ônibus para ir até a casa de Jenny. Gump descobre que não precisa ir de ônibus, pois a casa de Jenny é só três quadras do ponto de ônibus, e vai correndo. Lá encontra Jenny, que diz ter um filho com Forrest, e apresenta o menino para ele. Também diz que está morrendo (AIDS), e ao receber o convite de Forrest, resolve ir morar junto a ele com o Forrest  filho (nome que Jenny escolheu para o filho de ambos).

Pouco dias depois, Jenny morre. Forrest leva uma carta de seu filho, ao túmulo de Jenny, e lá Forrest desabafa: “Eu não sei quem está certo, se é a mamãe ou o Tenente Dan (o destino ou o acaso), mas talvez sejam as duas coisas ao mesmo tempo”. Forrest se eleva.

Nenhuma fé sobrevive à dúvida, e neste momento Forrest duvida de sua mãe e de Deus ao mesmo tempo. Sabemos, também, que Jenny está morta, e já não pode conduzi-lo a mais nada. 

Assim, Forrest não possui mais deuses, nem é possuído por eles, e ele é o próprio espírito de liberdade.

Sempre que lembrarem-se do filme, lembrem-se da pluma, que é a personificação simbólica do que é o filme, ao mesmo tempo a vida, e Forrest. Segundo Tom Hanks, ator que interpreta Forrest, o filme transmite que “o nosso destino está difundido pelo modo como lidamos com a sorte na vida”. Em certo ponto, a mãe de Forrest o abrira a mente pra isso quando disse: “Você deve fazer o melhor com o que Deus te deu”.

Embora  ela acreditasse em um deus, no final das contas, o resultado é aplicado à vida – seja você religioso ou não. Nas palavras de Ton Hanks: “Só há uma coisa que se pode fazer, e não se sabe o que é, até ter que fazê-la." 

A pena, pluma, e seu significado é construído durante o filme. Enquanto vamos conhecendo Forrest, uma associação entre ambos vai surgindo. Tudo pode acontecer com Forrest, ele é livre, a história pode conduzi-lo para onde for, e ele vai, pois ele não tem valores ou pré-conceitos.

O filme é capaz de elucidar Forrest, comunica a verdadeira mensagem, isso não quer dizer que as pessoas aceitem da mesma forma o que foi comunicado.

Se o veem como um idiota, grande parte das pessoas, enquanto este blog percebe a liberdade da percepção de Forrest Gump, isso quer dizer que o filme fez um bom trabalho – nada foi entendido errado.

18 comentários:

  1. belo texto meu caro,

    eis o espírito..!

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  2. Oi, Eu vou dar uma palestra daqui quase uma semana. Estou muitíssimo feliz de ter completado a leitura do texto aqui presente, a minha palestra, apresentação ou seja lá o que podemos chamar, vai ter um pouco de Gump. Obrigado pelo texto!

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  3. Quantos anos Jenny tiinha quando sua mãe morreu?

    Me respondam Por Favor

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  4. Seu texto foi excelente meu amigo. Parabens! Tenho o filme em casa, mas resolvi assisti-lo pela quinta vez depois que li sua explanacão. Obrigado pelo texto!

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    1. O seu texto é muito bom parabéns, pena que nunca tive a oportunidade de ver esse filme (ainda, mais gostei da sua análise do filme muito profunda me senti como se já tivesse visto o filme ou algo parecido, o filme parece ser interessante quero muito ver esse filme, adorei seu texto parabéns bom de verdade.Agora só falta eu assistir espero que seja logo.

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  5. Sua interpretação do filme é genial, parabéns. Realmente esse é um dos melhores filmes que já vi, e Hanks trabalha muito bem, gostei da maioria dos filmes dele.

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  6. magnifico e surpreendente, fora do comum.

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  7. Pra mim continua um filme dúbio...Se considerarmos um exercício despretensioso de linguagem, até se aceita... O vermos pelos olhos de GUMP pode nos enriquecer...Mas só em parte... Não é de forma alguma preconceito contra o personagem... O personagem não é o filme... E escrevemos, filmamos, compomos pra acrescentar visões... No caso haveria uma boa forma de adequação...Inserir algo que falasse da realidade, mesmo que a visão de GUMP fosse exaltada...Mas a tarefa da crítica, na arte,( crítica, peneira dela para ela mesma...) é essencial... Um exemplo : os Panteras, deveria ficar registrado que a violência, recurso discutível em termos não partiu deles por si...Foi cultivada ( e ainda hoje provoca tensão, tanto tempo passado___ e é exportada para o Brasil via fundamentalismos arcaicos ___ ou um nítido afro-descendente falaria mal de África se tivesse visão crítica ?...Bem...paremos por aqui...Acho que todos conscientes já se manifestaram contra isso..)... Louvando uma visão apenas simples ( olhe, não falei simplista, okey?..) acabamos também adquirindo um viés de visão muito simples... Sei que é difícil furar no cinema o liberalismo reinante nos EUA... Pode-se ir até certo ponto... Caso ameace as visões corporativas parte-se mesmo pra violência... E nem eles mesmos fazem segredo disso !...Seria isso realmente democracia ou esta estaria no poder de poder mudar...O que não acontece... São dois partidos... Diferentes... Sim...Mas no que tange aos negócios globais muito e muito é semelhantes... O caso é vermos nos EUA figuras do porte de NOAM CHOMSKY, os que nunca se omitem na contradição do Sistema... Contradição que se espalha pelo mundo todo, sugerindo que o IMPÉRIO ( que é! ) americano é a formação mais elaborada da História... A mãe de GUMP está certa : EDUCAÇÃO é muito...Mas é o caso de perguntarmos : que tipo de Educação... A que mantém ou a que nos faz avançar?...Abraços... E Sucessos!... c/carinho jsunny

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  8. Pra mim continua um filme dúbio...Se considerarmos um exercício despretensioso de linguagem, até se aceita... O vermos pelos olhos de GUMP pode nos enriquecer...Mas só em parte... Não é de forma alguma preconceito contra o personagem... O personagem não é o filme... E escrevemos, filmamos, compomos pra acrescentar visões... No caso haveria uma boa forma de adequação...Inserir algo que falasse da realidade, mesmo que a visão de GUMP fosse exaltada...Mas a tarefa da crítica, na arte,( crítica, peneira dela para ela mesma...) é essencial... Um exemplo : os Panteras, deveria ficar registrado que a violência, recurso discutível em termos não partiu deles por si...Foi cultivada ( e ainda hoje provoca tensão, tanto tempo passado___ e é exportada para o Brasil via fundamentalismos arcaicos ___ ou um nítido afro-descendente falaria mal de África se tivesse visão crítica ?...Bem...paremos por aqui...Acho que todos conscientes já se manifestaram contra isso..)... Louvando uma visão apenas simples ( olhe, não falei simplista, okey?..) acabamos também adquirindo um viés de visão muito simples... Sei que é difícil furar no cinema o liberalismo reinante nos EUA... Pode-se ir até certo ponto... Caso ameace as visões corporativas parte-se mesmo pra violência... E nem eles mesmos fazem segredo disso !...Seria isso realmente democracia ou esta estaria no poder de poder mudar...O que não acontece... São dois partidos... Diferentes... Sim...Mas no que tange aos negócios globais muito e muito é semelhantes... O caso é vermos nos EUA figuras do porte de NOAM CHOMSKY, os que nunca se omitem na contradição do Sistema... Contradição que se espalha pelo mundo todo, sugerindo que o IMPÉRIO ( que é! ) americano é a formação mais elaborada da História... A mãe de GUMP está certa : EDUCAÇÃO é muito...Mas é o caso de perguntarmos : que tipo de Educação... A que mantém ou a que nos faz avançar?...Abraços... E Sucessos!... c/carinho jsunny

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  9. Parabéns pelo Blog; muitas faculdades e universidades passam matérias baseadas em filmes, e essa postagem é indicada, caso o tema seja o filme "Forrest Gump o contador de histórias. Parabéns pelo conteúdo.

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  10. Parabéns pelo Blog; muitas faculdades e universidades passam matérias baseadas em filmes, e essa postagem é indicada, caso o tema seja o filme "Forrest Gump o contador de histórias. Parabéns pelo conteúdo.

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  11. Parabéns pelo Blog; muitas faculdades e universidades passam matérias baseadas em filmes, e essa postagem é indicada, caso o tema seja o filme "Forrest Gump o contador de histórias. Parabéns pelo conteúdo.

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  12. Uma visão otimista da vida. Ela é simples. A gente que a complica.

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  13. Brilhante análise do filme. Cada cena relatada você apresenta argumentos impecáveis. De fato, o filme traz todas essas reflexões sobre o que realmente importa na vida, a inteligência sem empatia não serve. A resposta correta depende da pergunta feita. Podendo surpreender até mesmo quem indaga( exército). Só tenho uma ressalva, acredito que a narrativa de Forrest quando criança sobre a relação do pai da Jenny com ela e suas irmãs, os trajes que ela estava quando correm pela plantação, a decisão da justiça para que a menina vá morar com avó e ainda mais sobre a atitude de apredejar a casa quando adulta. Revelam, para mim, uma menina/mulher que sofreu abuso do próprio pai... Parabéns, pela contrução textual.

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