O
estudo da influência que os astros têm sobre nossa personalidade, relações
sociais e, sobretudo, nosso destino, é procurado por um grande número de pessoas
e bem aceito por muitas destas. No entanto, para a maioria ainda é um grande
mistério, que em função das incertezas acaba não tomando posição alguma.
Pretendo, neste
texto, clarear este mistério e descobrir o que está por trás da metodologia e
previsões dessa área do conhecimento.
Primeiramente,
a astrologia relaciona as posições relativas dos corpos celestes (planetas,
estrelas, etc) com o momento do nascimento de uma pessoa – ano, mês, dia e horário.
A partir destes dados, astrólogos constroem mapas que, supostamente, são
capazes de definir a personalidade, caráter, prever os fatos mais importantes e
todo o destino desta pessoa. Esses mapas astrológicos são conhecidos como
horóscopos.
A
astrologia surge da astrolatria. No passado, ao olhar para o céu, os povos
primitivos exprimiam todas as suas crenças e medos na interpretação do
movimento dos astros. Os astros eram idolatrados como deuses. Como não
encontrava explicações para os fenômenos vivenciados, o homem primitivo
recorria às lendas e deuses, como uma forma de submissão e fuga de
responsabilidade de um mundo tão misterioso. Associavam padrões celestes
com suas angústias e vida em geral.
Lembremos
que, no passado, com a ausência de luminosidade das grandes cidades, o céu
observado nos parecia muito diferente - mais grandioso - deste que
vivenciamos.
Naquele
tempo, cerca de 3.000 anos a.C., as pessoas começaram a designar nomes a grupos de
estrelas que se assemelhavam a figuras que pareciam formar. Essa
facilidade em associar estrelas entre si levou os antigos astrônomos a
classificá-las em grupos. O conjunto de estrelas é conhecido como
constelações.
É notável
saber que em cada cultura diferente o mesmo acontecia. No entanto, os nomes
associados eram movidos pela cultura local. Histórias com deuses e seres
mitológicos descreveram os símbolos que caracterizavam as constelações. Os
antigos eram, ainda, muito mais ligados a padrões místicos do que somos
atualmente - fator proporcionado pela falta de conhecimento do mundo.
Caso
fossemos nomear uma constelação atualmente, talvez chamássemos a mesma de algo
como "Constelação da Tecnologia" ou "Constelação da
Internet".
Com o
tempo, a astrolatria foi superada e seus resquícios distinguiram-se em duas
ramificações de como interpretar o movimento celeste: a astronomia e a
astrologia. A astronomia visava inicialmente prever as estações do ano para
fins agrícolas. Já a astrologia, associava a cada constelação qualidades e
poderes.
Para a
comunidade científica, a astrologia não é aceita como uma "ciência",
simplesmente pelo fato de que ela nem mesmo chega perto de passar pelos métodos
desenvolvidos e requeridos pela mesma. Por exemplo, ela não passa pelo teste da
reprodutibilidade. Neste teste, a hipótese experimental afirmada deve explicar
qual o método para a mesma ser testada e reproduzida. A astrologia sequer
explica tal método, e consequentemente não tem a possibilidade de ser testada.
Assim,
percebemos que a astrologia permanece no âmbito da crença, não da ciência, mas
isso não significa que não temos ferramentas para chegarmos a alguma conclusão
sobre sua veracidade.
Em 1971, o
psicólogo Bernard Silverman, da Universidade de Michigan State, estudou o
casamento de 2978 casais e o divórcio de 478 casais. Comparando com as
previsões de compatibilidade ou incompatibilidade propostas por horóscopos, não encontrou qualquer correlação. A conclusão é que pessoas supostamente
"incompatíveis" casam-se e se divorciam com a mesma frequência que as
"compatíveis".
O físico
John McGervey, da universidade de Case Western, estudou as biografias e datas
de nascimento de 6000 políticos e 17000 cientistas e não encontrou qualquer
correlação entre a data de nascimento e a profissão, prevista por análises
astrológicas.
Um
importante experimento empírico, do tipo duplo-cego, foi proposto e executado
pelo físico Shawn Carlson, do Laboratório de Lawrence Berkeley, da Universidade
de Califórnia. Neste experimento, grupos de voluntários forneceram informações
para que uma organização astrológica de prestígio, formada por 28 astrólogos
profissionais, produzisse um horóscopo completo de cada voluntário.
Os voluntários também foram impelidos a responder a um questionário sobre as suas personalidades, de acordo e pré-estabelecidos pelos astrólogos.
Os voluntários também foram impelidos a responder a um questionário sobre as suas personalidades, de acordo e pré-estabelecidos pelos astrólogos.
Em
seguida, foram selecionadas três fichas aleatoriamente, já preenchidas com a
personalidade dos voluntários, sendo que uma destas estaria relacionada a um
horóscopo indicado. Tudo o que era pedido é que a organização astrológica
indicasse qual ficha pertencia ao horóscopo em cada um dos casos.
Como haviam
apenas três fichas e um horóscopo, a chance de acerto aleatório é de 33%. Os
astrólogos haviam previsto, antecipadamente, que a taxa de acerto deveria ser
maior do que 50%, por uma cerca de justificativas. No entanto, em 116 testes, a
taxa de acerto foi de 34%, nada mais do que o que é esperado por uma escolha ao
acaso!
Esses resultados foram publicados na revista Nature, um grande periódico de divulgação científica no artigo “A Double Blind Test of Astrology, S. Carlson”, em 1985.
Esses resultados foram publicados na revista Nature, um grande periódico de divulgação científica no artigo “A Double Blind Test of Astrology, S. Carlson”, em 1985.
Alguns
astrólogos sujam o nome da ciência abusando de termos já conhecido através de
argumentos inválidos. Um desses principais argumentos está relacionado com a
lei gravitacional de Newton.
Esses
astrólogos, sabendo que o Sol e a Lua influenciam de modo gravitacional as marés
do planeta, e como nossos corpos são feitos de 70% de água, inferem que a ação
gravitacional dos mesmos também rege nossos corpos.
No entanto, calculando-se o quão somos influenciados atrativamente vemos que é desprezível tal força gravitacional. Um médico no momento do nascimento de uma criança gera mais influência gravitacional sobre o bebê do que os astros – lembrando que massa atrai massa (qualquer dúvida sobre, é só comentar no final do texto que explico).
No entanto, calculando-se o quão somos influenciados atrativamente vemos que é desprezível tal força gravitacional. Um médico no momento do nascimento de uma criança gera mais influência gravitacional sobre o bebê do que os astros – lembrando que massa atrai massa (qualquer dúvida sobre, é só comentar no final do texto que explico).
A atração gravitacional definida pela Lei Gravitacional de Newton diz
que a força gravitacional é dependente tanto do tamanho da massa dos corpos
quanto da distância entre eles. Isto significa que quanto maior a massa e menor a
distância, maior a força gravitacional que este corpo atrairá outros corpos com
massa para si.
Embora os astros tenham uma massa gigantesca, a distância em que os mesmo se encontram de nós é ainda mais distante.
Embora os astros tenham uma massa gigantesca, a distância em que os mesmo se encontram de nós é ainda mais distante.
Imaginamos
que a astrologia possua uma metodologia consistente de estudo no momento da
construção de suas previsões que surtirão previsões sobre a personalidade e
futuro das pessoas.
No entanto, nos primórdios do estudo da astrologia, não se usava nem Urano, nem Netuno. Esses planetas não haviam sido descobertos, e, supostamente, os céus já nos diziam tudo sobre nosso destino. Isso não é possível, não conhecíamos o mundo o suficiente para justificar tais relações. Só depois que estes planetas foram descobertos que começaram a utilizá-los nas previsões, como se nada tivesse acontecido.
No entanto, nos primórdios do estudo da astrologia, não se usava nem Urano, nem Netuno. Esses planetas não haviam sido descobertos, e, supostamente, os céus já nos diziam tudo sobre nosso destino. Isso não é possível, não conhecíamos o mundo o suficiente para justificar tais relações. Só depois que estes planetas foram descobertos que começaram a utilizá-los nas previsões, como se nada tivesse acontecido.
A questão principal não foi a massa de Plutão, menor que, por exemplo,
da Lua terrestre, mas a sua órbita. Para ser considerado planeta, Plutão
precisaria ser o objeto dominante em sua órbita, mas esse se encontra com a de
Netuno, que é mais de 20 vezes maior.
A lista de objetos celestes, supostamente significativos limita-se apenas àqueles sobretudo vistos a olho nu que eram conhecidos de Ptolomeu, cientista grego, no século II. Ignora-se uma enorme variedade de novos objetos astronômicos descobertos desde então. Por exemplo, onde está a astrologia dos asteróides próximos da Terra?
A lista de objetos celestes, supostamente significativos limita-se apenas àqueles sobretudo vistos a olho nu que eram conhecidos de Ptolomeu, cientista grego, no século II. Ignora-se uma enorme variedade de novos objetos astronômicos descobertos desde então. Por exemplo, onde está a astrologia dos asteróides próximos da Terra?
Os
astrólogos definem o signo de cada pessoa relacionando o posicionamento do
nascimento do Sol com a constelação em que se encontra naquela região do céu no
nascimento da pessoa – tudo a partir da nossa perspectiva, na Terra.
Os limites
das constelações são bem delimitados. Atualmente, reconhecemos 88 constelações,
inicialmente baseando-nos nas 48 constelações relacionadas por Ptolomeu na sua
obra “Almagesto”, especialmente a dos zodíacos. Estas estão
dividas em 12 constelações, por esta razão utiliza-se esta quantidade de
períodos no ano, e consequentemente signos.
No entanto, a Terra tem três
movimentos, rotação e translação, mais conhecidos, e precessão (semelhante a um
balanceio de um pião), sendo o último ignorado pelos astrólogos.
O fato é que desde a época em que se estabeleceram os signos do zodíaco, este movimento de precessão já se modificou, e os signos não acontecem mais nas mesmas datas em que aconteciam antes. Isso significa que quando você nasceu, astronomicamente falando, o Sol não estava mais na constelação mapeada pela astrologia.
Veja a tabela relativa abaixo:
O fato é que desde a época em que se estabeleceram os signos do zodíaco, este movimento de precessão já se modificou, e os signos não acontecem mais nas mesmas datas em que aconteciam antes. Isso significa que quando você nasceu, astronomicamente falando, o Sol não estava mais na constelação mapeada pela astrologia.
Veja a tabela relativa abaixo:
O mais
interessante é que, também graças ao movimento de precessão da Terra, o Sol
também começou a nascer numa 13º Constelação, conhecida como “Ofiúco”.
Essas
evidências apontam que o método astrológico estando incoerente em princípio
não haverá nada para poder ser considerado adiante. Este é um dos princípios
básicos da Lógica, fundada a partir da natureza cognitiva da mente humana.
Em 1948, o
psicólogo Bertram R. Forer realizou um conhecido experimento de natureza psicológica
onde pode mostrar a falácia da validação pessoal que fazemos acerca do que
avaliamos. Ao conhecer um artista circense que dizia “temos de tudo para todos”,
Forer observou que as pessoas julgam exageradamente corretas as avaliações de
suas personalidades que, supostamente, são feitas exclusivamente para as mesmas,
mas que na verdade são vagas e genéricas o bastante para se aplicarem a uma
grande quantidade de pessoas.
O
experimento ficou conhecido como O Efeito
Forer, e foi replicado, mais tarde, pelo mágico e combatente de pseudociências,
James Randi.
Assista o experimento no vídeo abaixo:
Assista o experimento no vídeo abaixo:
O Horóscopo distribuído para os alunos no experimento de Forer foi o seguinte:
“Você tem
uma necessidade de ser querido e admirado por outros, e mesmo assim você faz
críticas a si mesmo. Você possui certas fraquezas de personalidade mas, no
geral, consegue compensá-las. Você tem uma capacidade não utilizada que ainda
não a tomou em seu favor. Disciplinado e com auto-controle, você tende a se
preocupar e ser inseguro por dentro. Às vezes tem dúvidas se tomou a decisão
certa ou se fez a coisa certa. Você prefere certas mudanças e variedade, e fica
insatisfeito com restrições e limitações. Você tem orgulho por ser um pensador
independente, e não aceita as opiniões dos outros sem uma comprovação
satisfatória. Mas você descobriu que é melhor não ser tão franco ao falar de si
para os outros. Você é extrovertido e sociável, mas há momentos em que você é
introvertido e reservado. Por fim, algumas de suas aspirações tendem a fugir da
realidade.”
Esta técnica
pode ser chamada de Leitura Fria. Basicamente, a mesma baseia-se na natureza humana. O fato das pessoas serem
egocêntricas e não possuírem uma visão real sobre elas mesmas abre caminho para
que a ilusão aconteça. Basta dizer o que a pessoa quer ouvir. Esta técnica
sugere que as pessoas iludidas devam se lembrar e importar-se mais com os
acertos do que com os erros das previsões. Isso induz o pensamento de que a
previsão está correta.
A natureza
humana possui a chamada Postura Intencional de Terceiro Grau, capacidade de criar valores sobre
experiências não vivenciadas, mas apenas imaginadas, uma incrível habilidade
que com certeza foi de grande importância para a sobrevivência e progresso da nossa espécie.
No entanto, “não nos foi dada” essa capacidade com o manual de
instruções. Não podemos acioná-la no nosso cérebro quando julgarmos que o momento
é oportuno, e quando não, a desligarmos.
Mas lembremos que o ceticismo é uma boa ferramenta contra essa armadilha de nosso cérebro.
Eder, muito interessante o texto, gera uma reflexão importante sobre o conhecimento e a mente humana. gostei!
ResponderExcluirEu penso que o Destino de cada um de nós é consequência do somatório da força gravitacional dos astros que tem força e proximidade suficiente para atingir o nosso DNA em formação na primeira célula que surge após a nossa concepção, ou seja, quando o material genético do espermatozoide do nosso pai se funde com o óvulo da nossa mãe, isso dependendo do local onde este fenómeno se deu, determinado pela longitude, latitude, ainda a altitude, e ainda do dia e da hora até o pormenor do segundo. É o momento em que se formou o nosso destino e que é imutável porque a circunstância que o provocou é irrepetível..
ResponderExcluirAgostinho Fernandes ( afernandes_2006@hotmail.com )
Viagem............................
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