“Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a
cópia ao original, a representação à realidade, a aparência
ao ser... O que é sagrado para ele, não passa de ilusão,
pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que
decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce
a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também
o cúmulo do sagrado”.
Feuerbach
Inicialmente vamos conceituar o termo “Espetáculo”:
Proponho que pensemos em uma peça de teatro ou em um filme, no qual o espetáculo é uma simulação de uma realidade, com o fim de entreter, também podendo transmitir uma idéia ou buscar mexer com nossos sentidos, mas acima de tudo, quer manter-nos dentro dessa realidade simulada e a contemplando independente de qualquer tipo de estímulo, reação ou idéia que vamos decodificar.
Segundo Guy Debord, pensador situacionista e autor de Sociedade do Espetáculo, "hoje, o status quo em que vivemos é uma sociedade superficial. O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato dos seus meios serem ao mesmo tempo a sua finalidade."
O que Debord conclui é que a primeira fase da dominação da economia sobre a vida socializada, levou a sociedade a uma evidente degradação do ser em ter. Ou seja, a pessoa é o que ela tem.
Nessa sociedade espetacular mergulhada em seus próprios modelos, eu estaria sendo "plástico" falando que a situação atual é ideológica, o fim não é nada, o desenrolar é tudo, ou seja, não existe ideologia.
- O SEGREDO DO ESPETACULAR PARA A FELICIDADE ILUSÓRIA
Nessa sociedade, o ser não é necessário, mas sim o ter. O que você é não é importante, mas sim o que você tem - você é o que você tem. Porém, o ter é relativo e com ausência de final, o desejo só faz aumentar e aumentar.
Será que a sociedade consegue acompanhar economicamente o modelo dessa "felicidade" ?
Sem dúvida, a maioria esmagadora não. Porém, no espetáculo, a necessidade se encontra socialmente sonhada - o sonho imposto se torna necessário.
O grande segredo que soluciona o desejo banal e a sobrevivência superficial está no parecer.
Não é necessário ter para ser. Você precisa apenas parecer ter, para parecer ser.
No espetáculo o que aparece é bom, e o que não aparece não existe.
Dentro desse conceito, não é algo relacionado apenas a produtos dentro da esfera da Indústria Cultural, mas também valores sociais e culturais aparentes, que transmitem indices de valores econômicos.
Em "Telemorfose", uma obra de Jean Baudrillard, encontra-se um pensamento filosófico semelhante, ele titula o espetáculo de Debord, como o "crime perfeito", desenvolvendo o raciocínio de uma realidade integral falsa, porém considerada mais verdadeira para a sociedade do que a própria verdade.
pois é, quando os outros dizem que a vida é feita de aparências, não estão errados não...
ResponderExcluir.
ResponderExcluirEm uma sociedade do espetáculo, não basta ser, muito menos ter, basta aparentar. A sociedade sensacionalista aderiu às midias como sua melhor forma de expressão, esta por sua vez, popularizou-se de uma forma inimaginável, falta comida, mas não falta televisão.
Com isto, publicitários oportunistas aproveitam pra criar uma geração de consumo, mesmo sem a necessidade de possuir determinado objeto, ainda assim há a necessidade de tê-lo, um materalismo descabido, por um outro lado, aqueles sem oportunidade de adquirir alguns bens de consumo pelos seus preços salgados, optam por similares falsificados, aumentando assim a criminalidade, dada a procedência destes.
Parabéns pelo texto, parabéns pela iniciativa de escrever o blog, parabéns pela nova formatação mais aprazível aos textos virtuais.
Grande abraço pra ti!
Guilherme Delamura
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ÍDOLOS DA INDÚSTRIA CULTURAL
ResponderExcluirGrande parte da indústria cultural utiliza técnicas nos meios de comunicação para criar valores que aprisionam e alienam os Homens ao seu produto de mercado ou coisa. O filme matrix, é uma boa metáfora, em que os seres humanos estão presos em um sistema de máquinas sendo utilizados como pilhas... Assim nosso sistema conduz a obediência e à hierarquia social.
Utilizando um outro exemplo para ilustrar, diria que como no mito da caverna de Platão, a arte da burguesia precisa projetar virtudes e talentos no fundo da caverna (meios de comunicação) criando padrões de valores cujos fins é destinado aos negócios e satisfações deles mesmos. Então a motivação de um Homem está de acordo com a qualidade e quantidade do que ele pode ter (cartão de crédito, carro, roupas, celular e etc) sendo assim mais potente, mais apreciado.
Não seria porque eles mesmos estão revestidos com as “virtudes” que criaram?
Diversos escritores, músicos e artistas genuínos em potencial, deixam o germe de sua criatividade morrer para se adaptar a uma sociedade cada vez mais consumista, onde o mais importante é parecer do que realmente Ser.
Pessoas estão escolhendo seus tipos de relacionamentos, escolhendo sua profissão e se orientando pelo o que os outros dirão, pelos meios de comunicação...
Mais do que por amor ou vocação.
O panteão de heróis que admiramos nos mostra o tipo de pessoas que almejamos nos transformar. Mas então quais seriam estes?
“Nossos” ídolos são os artistas que fingem ser heróis. Assim, podemos imaginar a quantidade de pessoas com grande entusiasmo e aspiração de parecer como os artistas da Rede Globo. Gastando o que não tem, para mostrar para pessoas que não gostam, uma pessoa que não é. Preferindo fingir o que não é, porque não sabe o que deveria Ser. Mas não importa; O Big Brother é a grande esperança!
Estes são os Deuses que a indústria cultural nos oferece.
Por Ariel Estrella
Talvez a vida das pessoas seja buscar o espetaculo,algo que as tire o máximo da realidade e não as faça pensar,porque não é fácil buscar respostas.É muito mais facil vc ter uma determinada aparencia,do que vc realmente ser,assim como na sociedade do espetáculo,as pessoas estão transformando suas vidas em um puro espetaculo,nada é real,tudo é encenado,o dia a dia torna se um show previamente ensaiado,algo conveniente em que muitas vezes acaba se adotando como uma realidade alternativa, uma realidade inventada.
ResponderExcluir“No mundo realmente invertido, o
verdadeiro é um momento do falso.”
mais uma vez parabéns pelo blog e pelos textos apresentados.