quarta-feira, 10 de setembro de 2008

ESQUERDOS AUTORAIS (CopyLeft) - Informação e Cultura Livre

O Copyleft apareceu por iniciativa de artistas e músicos influenciados pela Nova Esquerda Alemã - que protestavam contra o moralismo, o autoritarismo e a repressão política e econômica da sociedade - em um processo continuado que pretendiam desenvolver novas formas de troca e intercâmbio fora do âmbito e da esfera propriamente comercial e lucrativa do Copyright.

Porém, o termo Copyleft foi popularizado por Richard Stallman (que colocou em funcionamento o projeto GNU, origem e base do GNU/Linux atual), ao associá-lo em 1988 à GPL - uma licença intelectual livre -, sendo diferente do domínio público. De acordo com Stallman, o termo foi-lhe sugerido pelo artista e programador Don Hopkins, que incluiu a expressão "Copyleft - all rights reversed”. A frase é um trocadilho com a expressão "Copyright - all rights reserved." usada para afirmar os direitos do autor.

O Copyleft consiste na livre utilização dos bens, na condição de haver o reconhecimento da paternidade do autor de uma determinada obra, com proteção legislativa em seus direitos autorais, sem que isso construa uma barreira na difusão. Resumindo, espalhar informação e cultura sem visar lucro.

O objetivo consiste em dar condições mais favoráveis às pessoas, para que sintam-se livres para utilizar, contribuir, difundir e modificar a obra. Também não deverá entrar no circuito comercial. Por outro lado, as empresas e as grandes corporações multinacionais defendem o Copyright como forma de rentabilizar as suas propriedades sobre certos bens. A sua utilização consiste no lucro e privações.

Em 2001 aconteceu um grande marco para o Copyleft, com a fundação da Creative Commons, um projeto para desenvolver licenças para que os criadores pudessem publicar suas obras, indo além dos limites da cópia e da distribuição. Primeiramente o projeto abrangia o licenciamento de documentação de projetos de software, mas passou também a ser utilizada em livre distribuição de conteúdos culturais em geral (textos, músicas, imagens, filmes e outros), de modo a facilitar seu compartilhamento e recombinação.

A revista eletrônica SAMIZDAT é um dos resultados do Copyleft. Ela surgiu como a terceira de uma comunidade virtual de escritores, que começou em 2005 com a criação da comunidade,“Escritores - Teoria Literária” no Orkut, depois, com a organização da “Oficina da E-TL” e, por fim, com o blog da SAMIZDAT.

Na revista aparecem dados de que a obra é licenciada pela atribuição-uso não comercial vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil Creative Commons.
Todas as imagens publicadas são de domínio público ou royalty free e as idéias expressas e a revisão das obras são de inteira responsabilidade de seus autores.

Segundo Henry Alfred, artista plástico e escritor, um dos idealizadores e publicadores da SAMIZDAT, “no mundo contemporâneo, indivíduos muito competentes estão se reunindo e defendendo o ideal de que cultura e tecnologia não devem ser excludentes e que todos têm direito a elas”.

Alfred cita a Wikipédia como sem dúvida a mais completa enciclopédia no mundo, totalmente gratuita, escrita e revisada por pessoas comuns, como eu e você, ou como os conceitos de Open Source, Copyleft, Creative Commons, que permitem aos criadores distribuírem gratuitamente seus trabalhos sem abrirem mão da autoria.

Proponho que devamos caminhar em busca de compartilhar cultura, informação e tecnologia.
Músicos poderiam ganhar dinheiro apenas com seus shows e escritores com suas palestras, ambos divulgando a sua matéria prima sem visar lucros, recebendo de acordo com a resposta de seu trabalho. Outros exemplos também se encaixariam.

O importante do assunto abrangido é  frisar que a evolução não acontece dentro de um monopólio, fundamentalista e selvagem.

Um comentário:

  1. Olá Eder,

    Muito bacana você comentar sobre o copyleft em seu blog. Mas gostaria de alerta-lo para dois pontos que, infelizmente, teimam em se espalhar por aí e que não tem nada a ver com o conceito de copyleft em si. Primeiro que o "left" do copyleft não é um adjetivo, e sim um verbo. E como verbo, a tradução correta fica sendo "cópia deixada", ou seja, não tem nada a ver com esquerda. Segundo, e o problema mais grave na minha opinião, é dizer que o copyleft "não deverá entrar no circuito comercial" e que seu objetivo é "espalhar informação e cultura sem visar lucro". Isso não é verdade. O copyleft nunca impediu lucro de ninguém, nunca impediu ninguém de cobrar pelo seu trabalho muito menos pela sua obra. Vide http://www.gnu.org/philosophy/selling.pt-br.html

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