Neste texto vou retratar a palestra que participei do antropólogo e semiótico, e portador da cadeira de Filosofia da Faculdade Tóquio, Ryuta Imafuko, do conhecia apenas um texto. A palestra aconteceu no dia 27 de outubro de 2008.
Ryuta usa o termo “deserto” relacionando ao mesmo sentido que existiu desta palavra na Guerra do Golfo. No deserto ficavam escondidas as verdades da verdadeira Guerra, ou seja, o deserto é onde está escondida a verdade. E é a partir deste significado que ele embasa sua palestra.
Logo de começo, despertou a minha atenção os trajes que o palestrante usava, nada comuns: um chapéu, uma jaqueta e calça bem escuras, um sapato preto e uma camisa preta com um risco bege cruzando o meio.
O que me veio na mente, na mesma hora, foi a semelhança com John Lennon, que também tinha esta, talvez, liberdade - até nas roupas - para “o pensar” e escolher.
Claro que não havia necessidade de nada disso para mostrar quem ele é, ou o que pensa. Porém, ao contrário, já que ele não precisa de nada disso, sendo o palestrante que todos estiveram lá para escutar o que tem para dizer. A única coisa que posso entender é que ele mostra visualmente que discorda dos valores da sociedade.
Segundo Ryuta Imafuku nesta sua palestra - O deserto entre os olhos - o deserto está entre o enxergar humano, este que ele considera como sendo todos os nossos sentidos, e não apenas a visão. O deserto não pode ser reconhecido através desses sentidos humanos superficiais.
Para transcender esse olhar superficial humano, o antropólogo diz que devemos enxergar com o nosso “terceiro olho”.
Este pode ser chamado de “o pineal”, o qual os hindus titulam de “chacras”, ocidentais de instinto, religiosos dualistas cartesianos de alma, e outros de consciência e inconsciente.
René Descartes, no século XVII, afirmava que a alma humana se situava no Pineal, ou seja, na visão dele - um órgão com funções transcendentes.
Este raciocínio de Descartes deu-se pelo único motivo de que, já que a formação interna desta localidade do cérebro eram todas em ligações duplas: olhos, orelhas, etc. Sendo assim, já que ele não encontrara soluções para outras questões, ele imaginava que a outra parte do pinear, estava no imaterial. Desta forma matava dois coelhos com uma cajadada só (o que realmente não é necessário, sendo totalmente explicável objetivamente utilizando apenas ligações: cérebro-mente e tudo dentro do próprio cranio).
Já Ryuta, ao contrário desse mito cartesiano, considera o 3º olho, o qual a realidade é invisível para os nossos sentidos.
Ryuta diz que seus estudos mostram que o pinear é uma glândula de estrutura cinza-avermelhada que está dentro do nosso cérebro do tamanho aproximado de uma ervilha (oito mm em humanos), que é o causador dessa variedade etimológica de sentidos (que citei alguns de seus exemplos somente).
De acordo com o antropólogo, a verdadeira etimologia da realidade está interpessoalmente entre o objetivo e o subjetivo. Este terceiro olho ainda não tem nome, porém ele considera que este não é nada de outro mundo, e sim apenas uma relação do nosso cérebro (como foi citado), e que na maioria esmagadora das vezes, este é utilizado de modo errôneo.
Durante uma breve conversa que tive com Ryuta, ele disse que a realidade (real) existe, e que tudo faz parte dela, porém vêm em forma de simulacros para as pessoas, sendo apenas uma parcela aumentada da realidade.
Para o semiótico, hoje o status quo é de uma realidade inventada, o real não se encontra.
O antropólogo citou o exemplo da tela do computador, que é considerada a realidade por tantos, mas apenas foi inventada, ou seja, é apenas um aumento da realidade, um simulacro, e não a realidade.
Imafuko refere-se ao primeiro enxergar da realidade como uma imagem cheia de angústia.
Ryuta diz que a violência maior está na imagem de uma realidade que é criada sobre as pessoas e não a violência do senso comum. Ele refere-se aos EUA, que embora pareça e realmente seja um país com menos violência, senso comum, e mais estabilidade internamente, se encontra como o país mais violentado por essa violência imagética falsa.
Segundo o estudioso, entre todas as etnias e culturas, o latino-americano é a cultura mais desenvolvida para “o enxergar” da maior parcela de realidade, porém isso não significa que consigam entender o que enxergam, e nem que enxergam nem o mínimo para poder re conhecer isso.
De acordo com o semiótico não enxergamos com os olhos humanos a realidade, na verdade ele apenas ajuda a dissimular a realidade. Também se refere à fotografia, que mesmo procurando retratar a realidade é impossível documentar precisamente tempo/espaço, pois ela capta apenas o momento e por trás de uma visão subjetiva de uma pessoa, que por sua vez, escolhe o que é mais próximo da realidade para ela.
O estudioso considera o imaginar um fato de uma importância imensa, sendo maior a visão da realidade desta forma, ao contrário de ver uma imagem. Esta que prejudica o enxergar.
Vou retratar a pergunta que eu fiz para Ryuta, buscando uma solução para o problema em que ele aponta que a sociedade se encontra:
Como é possível entender a realidade escondida para os olhos humanos?
Ryuta Imafuku responde dizendo que é possível entender a realidade e que para isso devemos indispensavelmente ser críticos de tudo que se passa pelo mundo, principalmente dos valores e da mídia, e talvez o principal entre estes requisitos indispensáveis seja a autocrítica, severa e constante sobre nosso ser, que o antropólogo repete algumas vezes buscando (eu imagino) reafirmar.
Espero que os leitores percebam o tamanho da importância deste assunto, para entender o mundo em que vivemos e começarmos e enxergar a verdade escondida.
Parabéns pelo post e pelo blog.
ResponderExcluirÓtimo trabalho !
Abs
é fundamental que cada pessoa enxergue a verdade, mas cada pessoa tem seu tempo, e o tempo, como a capacidade de enxergar, deve ser respeitado.
ResponderExcluiruma pergunta:
Existe apenas UMA verdade absoluta?
ótimo texto,ótima visão, ótimo aprendizado.
grande abraços de admirações.