Infelizmente, toda a realidade o qual nós vivemos não passa de experimental, o termo correto seria “ ausência de destino” – o homem entregou-se a banalidade sem limites consigo mesmo.
O espelho da banalidade é quando se percebe que não há nada, nada mais. A imagem de um é exatamente a mesma do outro. E saiba que se isso acontece, estamos dentro do duplo virtual da realidade. Rostos sem identidade.
Posso me referir ao “Big Brother”, já que o reality show é exatamente o espelho da sociedade atual. Mas o problema não está lá, o universo televisual é apenas um detalhe holográfico da realidade global.
É na existência mais cotidiana, que tudo acontece.
A farsa acontece no que costumam chamar de "vida real" - onde pessoas trabalham, consomem, se divertem, criam imagens e vestem identidades para si próprias. Talvez este seja o maior assassino do homem moderno. Essa realidade é desprovida de maior sentido, uma espécie de grau zero do valor ético, em que só há lugar para o miúdo, o mesquinho, a emoção barata e o banal.
O ponto principal que devo gritar aqui, é que não somos fundamentalmente seres sociais, mas sim precisamos disto – o que faz toda diferença. Não precisamos nos orgulhar do que o cotidiano nos empurra, a falsidade no olhar, os comprimentos e conversar desprovidas de sentido, o modo de caminhar, a falsa identidade para socializar com outros. Porém tudo isso já está impregnado em todos em um modelo ditado como natural.
Vou utilizar do sexo para exemplificar melhor o que estou tentando transmitir, pois me parece ser um dos motores propulsores da sociedade, hoje. No entanto, reflitam sobre o sexo e percebam que apesar dele estar por toda parte, não é isto exatamente que as pessoas querem. O que elas querem profundamente é o espetáculo da banalidade, que é hoje a verdadeira pornografia, a verdadeira obscenidade – a da nulidade e da insignificância.
Por que homens preferem chamar uma mulher passando pela rua de “gostosa” ou “delícia”, ou melhor, gritar para que elas possam ouvir, ao invés de conquistá-la e enfim chegar ao sexo? Bom... o que domina o homem nunca foi o instinto de reprodução – tal como os especialistas científicos em suas crenças científicas dizem – mas sim o vazio que existe entre nossa percepção entre o mundo privado que habitamos (nosso imaginário) e o real.
Não é o desvestir-se que traz o verdadeiro desejo de nudez sexual, mas sim retirar o véu da nudez. E este véu não existe realmente, ele é apenas um vazio simbólico diferentemente dentro na mente de cada um, porém que aparece para cada ser como o mundo em si.
São os signos os produtores da nudez - o que atrai simbolicamente. Mais do que atração é um dominio diante do ser, já que é mais do que fato considerarmos que as pessoas acreditam no mundo que enxergam. Porém qualquer tipo de símbolo é apenas inventado, o próprio desejo que as conduzem a viver em função e serem dominadas pelos símbolos, já é um simbólo.
Não adianta tirar toda a roupa, não é o visivel que esconde o que todos procuram e nunca encontram o fim. Não adiantaria nem dissecar e esfolar vivo todo o corpo, ainda assim não haveria nada.
Existe um véu inultrapassável, aquele que se interpõe, quando se acha que todos foram rasgados. Que não deixa se aproximar da nudez total, ou seja, a realidade absoluta. Com isso o “jogo” por essa busca perdida se torna regra fundamental: a do sublime, do segredo, da sedução, essa mesma que se persegue até à sua morte na sucessão dos véus rasgados.
A pergunta essêncial é como o “nada-a-dizer”, “nada-a-fazer”, fascina as pessoas. Talvez seja a fé perceptiva que elas têm no mundo, mas o ponto é a indiferença que possuem pela sua própria existência. Chego a tentar encontrar semelhança com o Paganismo -, porém a crença no Deus Pagão é mais um ideologia e não é o que acontece hoje - já que uma ideologia possui uma finalidade.
O ponto principal que difere de tudo já existente antes é a servilidade voluntaria e vítimas gozando com o mal que lhes é feito, com a vergonha que lhes é imposta.
É capaz que voçê considere tudo "normal", porém a palavra normal é apenas o "comum" que tornou-se aceito sem o mínimo de criticidade. Vejo apenas a indiferença do homem consigo mesmo.
A humanidade outrora contemplava deuses, hoje, tornou-se objeto de si mesma. Sua alienação de si mesma atingiu esse grau que a faz viver a sua própria destruição como uma sensação estética prazerosa.
Os símbolos tomam conta do homem que não conseguem enxergar o real, sua consciência está atolada em seu próprio imaginário que cria o mundo de acordo com suas condições de percepção.
A verdade é que meu subtítulo, “O que você vai fazer após a orgia?” é apenas uma brincadeira, pois não existe após a orgia. O homem vive a orgia, e não existe além dela, ela está de fato além do fim, ao lado do mundo que possui um fim, em uma dimensão que o fim não existe. O homem andando em círculos eternamente.
Vive-se de modelos e não de ideologias, desta forma não há nada além, não existe fim.
Eder, bacana como está tocando o blog, mas não posso deixar de mencionar suas estocadas nos meus textos e podcasts. Tem me levado refletir emnovas direções - a última sobre a geração 2000 foi uma delas. Vou retomar no blog. www.lucianoalvarenga.blogspot.com
ResponderExcluir