domingo, 27 de novembro de 2011

MUITO ALÉM DA RELATIVIDADE
Albert Einstein


Um humanista ao extremo. Assim deve ser definido Albert Einstein. Detesta com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência gratuita e o nacionalismo débil. Culpa a escola, imprensa, mundo dos negócios, mundo político e principalmente o exército. 

Não fossilizado pela ciência, percebe o valor do pensamento filosófico, e é adepto ao livre pensamento, como diz. Define este tipo de pensamento também como ceticismo, e afirma ser indispensável à liberdade do homem e evolução da ciência.

Muito do que é dito sobre este homem é dissimulado ou não compreendido, mas não neste texto.

Seus escritos são quase indecifráveis, já que não realiza uma digna elucidação dos termos (peculiaridade de um filósofo), muito se passa no vazio aos meus olhos não crentes aos significados de suas palavras. Mas de suas próprias palavras leio o inesperado quando diz: 

"...considero-me um homem não livre, constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções intimas".

Sua filosofia não é nada desprezível, afinal. Sabe de seus condicionamentos e ações orientadas por seu juízo.  

Não acredita em um Deus antropomórfico, que castigue, recompense, e nem num ser que sobreviva à morte do corpo. Acredita que se um indivíduo fosse abandonado desde o nascimento, seria irremediavelmente um animal primitivo em seu corpo e em seus reflexos. Assim, para Einstein, Deus não é responsável pelas leis que regem os homens e sua vida. 

Não é o que este vídeo, muito bem dirigido e produzido nos tenta convencer através da magia do cinema. 


Perceba a ansiedade que colocam em um professor ao falar com um menino tão pequeno. Professor este, que a segundos atrás parecia tão sábio diante as palavras que dizia. Também o modo como o plano é posicionado sobre o menino, o enquadramento e movimento de câmera valorizando o modo sagaz e leve com que levanta da cadeira. 

Juntamente com uma trilha sonora de suspense, o professor parece se convencer com os argumentos do menino. Argumentos estes que misturam uma realidade objetiva com uma realidade subjetiva, ambas em nome da ciência. Mas a Ciência não pode falar em nome da subjetividade - não faz parte de seu método. 

O personagem do garoto fala como gente grande, e se comporta de modo diferente de todas as outras crianças ao seu redor. A técnica de "zoom in" lentamente nos leva em direção às vísceras do garoto, tentando nos convencer de sua integridade. Tudo com a finalidade de engrandecer o personagem. E para finalizar, quando já estamos baqueados, levamos o último  tiro, o decisivo, não com o que o garoto disse, mas com a realidade que o cinema criou e nos pegou, nos surpreendendo com o nome do garoto: Albert Einstein!
Como Edgar Morin certa vez disse: "...no cinema não existe nenhum ateu."

Para resumir, o incrível comercial da Macedónia (vídeo apresentado acima) em prol da defesa de um pensamento religioso não possui nada de verdadeiro. Lemos nas palavras do próprio Einstein, em seu livro "Como Vejo o Mundo", como já dito, que o Deus que lhe vinha em mente não é responsável pelas leis que regem o homem e sua vida - sendo assim, a falta de Deus no coração não poderia ter como resultado o mal.

Mas, nos aprofundando, é fato que a natureza de Einstein expele certa religiosidade, titulado pelo próprio ora como religiosidade cósmica, ora como um tipo de “panteísmo”. No entanto, segundo Einstein, para melhor compreendê-lo é necessário não dar crédito algum ao que um cientista diz, mas sim julgar aquilo que produziu. Aconselha, sobretudo, se quisermos uma opinião válida sobre o assunto, a ouvirmos o que Arthur Schopenhauer, David Hume e Immanuel Kant tem a dizer.

 Como cientista, não podendo deixar de falar, Einstein foi o responsável pela teoria da Relatividade. Uma espécie de conclusão grandiosa à arquitetura do pensamento de Maxwell e de Lorentz. É preciso que fique claro que a teoria da relatividade não tem fundamento especulativo, e sim, que sua descoberta se baseia inteiramente na vontade perseverante de adaptar, do melhor modo possível, a teoria física aos fatos observados. Einstein também diz que não há necessidade alguma de falar em uma ideia revolucionária, pois, na verdade, a teoria marca a evolução natural de uma linha seguida a séculos.

De forma simplificada, esta teoria mostra a relatividade do espaço e tempo diante um campo gravitacional diferente. Ou seja, para cada sistema de inercia, referencial, diferente, a dimensão espaço/tempo possui sua própria peculiariedade. Como exemplo: uma pessoa que viva (supondo que seja possível a sua sobrevivência, através de tecnologia ou natureza adaptada) em um sistema gravitacional diferente do planeta Terra, mais denso, por alguns dias, quando retornar à seu planeta de origem, a Terra, não encontrará nenhuma das pessoas que conhecia com vida. Enquanto esteve fora por alguns dias em outro sistema gravitacional, passaram-se dois séculos no sistema gravitacional da Terra, bem menos denso.

Quanto maior a massa do sistema referencial em que a pessoa se encontre, maior o campo gravitacional, assim o tempo passa de modo mais devagar, quando comparado com outro campo gravitacional. E nada de dentro do sistema pode perceber qualquer diferença nesta relatividade. O seu relógio se adaptará ao sistema gravitacional diferente, informando apenas dados relativos.

Einstein, como um cientista de sucesso, alerta durante toda a obra sobre um problema relativo àqueles que se dedicam à ciência, e titula como: o “Karma do Cientista”. Este problema surge da ausência de um conhecimento complexo do cientista sobre várias perspectivas diferentes que, segundo Einstein:
 
“...perde então o senso das grandes arquiteturas e se transforma em operário cego num conjunto imenso”.

Assim, Einstein vê a necessidade de uma sociedade esclarecida para que se possa ter responsabilidade com a ciência, caso contrário, corremos o risco de conhecer cruéis momentos.

Contextualizando, Einstein diz existirem três tipos de cientistas: o esportista adequado, que a vida o conduz a ter facilidade na utilização da ferramenta científica, assim adora resolver problemas por si só; o segundo tipo surge a partir de uma razão utilitária, por acaso, comodidade, ou facilidade, decide pela carreira de cientista, mas poderia ser qualquer outra, como engenheiro, oficial, comerciante - não oferecem em troca a não ser sua substancia cerebral; o terceiro tipo consiste naquele que sabe o porquê veio até a ciência, busca a ampliação de sua percepção à natureza, sabe pensar, e possui a vontade de evasão do cotidiano com seu cruel rigor e monotonia desesperadora – para ele, o verdadeiro homem da ciência.

Para finalizar, saibam que para Einstein a arte e a educação salvarão o homem, e não a ciência – pois “sem a liberdade de ser e agir, o homem – por mais que conheça e possua – não é nada”.

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